Fim da Linha

Seu golpe parecia ser efetivo, mas seu inimigo ainda assim conseguia bloqueá-lo recuando apenas um passo. Um elogio? Kohaku não conseguia entender, qual a vantagem daquilo? Não era normal se movimentar durante uma luta? Nada fazia sentido, ela realmente tinha se esforçado naquele ataque e um pequeno passo para trás não significava absolutamente nada.

- Não não! Kohaku ainda é fraca, mas ela aceita o desafio!

Ela percebeu sim, que no momento em que sua espada tocou a de Ygros, manter o calor estava muito mais difícil. Kohaku estava ofegante e sentia suas pernas fraquejarem, utilizava uma quantidade assustadora de energia para manter aquela luta, mesmo que por tão pouco tempo. Mas estava pronta para continuar e já preparava uma defesa para parar o golpe de Ygros, mas pouco antes de atingi-la sentia um impacto na região do seu abdômen.

- Woah!?

Definitivamente aquele golpe não partira de Ygros, então de onde? Aquela sensação aquele cheiro só havia uma resposta, era Dante que pulava em sua direção. Kohaku era resistente de fato mas o que ela sentia com aquele impacto não era dor, era algo diferente na sua mente Dante correu para salva-la e a abraçou no processo.

- Amor?! Não é hora pra essas coisas....

As bochechas de Kohaku coravam enquanto ela definitivamente não entendia a situação perdida em seus pensamentos e sonhos. Só mesmo Dante para faze-la se esquecer do combate e abaixar completamente a guarda. Enquanto caía arrastando-se com Dante lhe abraçando Kohaku continuava sonhando e até babando, mas o sonho acabava quando Dante a soltava e ela estava desnorteada demais para responde-lo. Porém ainda assim se levantava e finalmente se lembrava da verdadeira situação em que estava. Ygros o gigante ainda estava por ali e Kohaku estava decidida a enfrenta-lo, por isso ao se levantar ela empunhava novamente sua espada, que inconscientemente segurou por todo o tempo como se por instinto, o que era resultado de seu treinamento.

O tempo do golpe lhe agradou. A firmeza de suas manoplas sobre o cabo da Claymória era forte o suficiente. O arco descrito pela lâmina fora perfeito. A velocidade com a qual sua arma cortava o vento superava suas expectativas. Um golpe impecável, Ygros Frostwatch concluía e tinha certeza de que causaria danos à garota, porém, algo era mais rápido do que ele. Quando Dante gritava ao longe, já com Kohaku nos braços, ele concluía que era um daqueles moleques travessos.

- Nada escapa da vigília congelada. - Observava a trajetória que Dante projetava, vendo assim que ele pousaria no navio ao qual estava anteriormente.

Novamente, Ygros Frostwatch tomava impulso e projetava-se adiante, num salto idêntico ao qual usara para chegar ao navio de Heikki posteriormente. Como era um salto que usava todos os músculos do corpo do Cavaleiro, a "viagem" era extremamente rápida de um navio para o outro, fazendo com que Ygros FrostWatch pousasse no convés do navio vários segundos depois de Dante e Kohaku.

- Se ja escolhestes vossos túmulos, continuemos nosso embate. - Com um rápido movimento de mãos, indicava para seus homens que não interferissem, em seguida apontava, com apenas uma das mãos, sua Claymória para os dois jovens fujões. - Não hà santuários acolhedores para vossas almas se refugiarem. Enfrentai-me aqui e agora !

Sua postura mudava. O Cavaleiro flexionava levemente os joelhos e segurava sua lâmina com as duas mãos, ao lado do corpo com a ponta da lâmina apontando para trás. Então avançava, num impulso impressionante para alguém tão pesado, rapidamente alcançando a distância ideal de sua lâmina. Ao apoiar seu pé no convés, este rachava sob o peso mas não sucumbia e logo em seguida, a lâmina acompanhava toda a cinética de seu corpo, descrevendo um arco horizontal perfeito, carregando toda a força de seus dois braços. O golpe tinha como objetivo simplesmente cortar Dante e Kohaku ao meio, sendo que novamente, uma rajada de vento congelante acompanhava o golpe de sua lâmina.

Seu golpe tinha impacto, sim, mas não o impacto que esperava. Pelo tempo que Ygros Frostwatch notava, um terceiro integrante rebatia seu golpe e se unia à dupla que deveria ter sido sua vítima naquele instante. Não importa, apenas mais um para matar. Esse era o pensamento do cavaleiro, mas algo na atitude do garoto o atormentava. Mesmo ele dando ordens para seus homens não interferir no embate, aquele demônio de fogo matava muitos de seus soldados. Era impossível ver as expressões faciais de Ygros Frostwatch, mas suas atitudes mostravam que o cavaleiro agora, estava extremamente enraivecido.

- Mesmo não oferencendo resistência, você os mata. - Sua voz agora ecoava de seu elmo como um trovão. - DEMÔNIO ! Se buscas retaliação por teus colegas, encontrará redenção apenas derrubando-me ! Homens, evacuem o navio.

E ao dizer estas palavras, o chão do convés começava a congelar rapidamente, aqueles ao seu redor poderiam facilmente a temperatura cair para o negativo quase que instantâneamente. Ygros Frostwatch empunhava ofensivamente sua Claymória e esta parecia brilhar com uma luz fria. Em seguida, avançava em direção à Taikun, afim de eliminar aquele que julgava ser o representante de maior ameaça do grupo.

♫Animado com a chegada dos seus reforços ele aguardava pacientemente pela iniciativa do exercito de sua amada e bela rainha, mas quando a hora finalmente chegava ele se arrependia amargamente. O navio começava a tremer♫

Roque: Hahaha! Isso acabe com eles! HAHAHAHAHA Mas o que...

♫Estava tremendo até demais , estava frio até demais, o que diabos estava acontecendo? Estavam destruindo o navio com ele lá dentro? Não sabiam que ele estava lá? Espere é claro que sabiam, isso era outra coisa, era abandono♫

Roque: Não não não....não pode ser, eles não fariam isso HAHAHAHAHAH, eles precisam de mim não é? Claro que precisam..

♫Em silêncio Roque pensava, pensava e pensava, podia sentir, a parte do navio na qual estava preso já estava submersa, começava a entrar água pra todo lado e o pobre homem não sabia o que fazer♫

Roque: É. Eles não precisam de mim.

♫Rolando de um lado para o outro ele conseguia ficar de pé novamente, mas ao olhar em volta não conseguia ver nenhuma saída♫

Roque: Espera.. isso é sério? Eu vou morrer aqui? Esquecido...Sem nem mesmo ter a chance de lutar... ISSO NÃO É JUSTO! ME TIREM DAQUI, DROGA! VOCÊS VÃO MORRER AÍ FORA....

♫Nesse momento toda a cabine já estava cheia de água, e Roque agora submerso e com frio só conseguia pensar numa coisa♫

Roque: "Morrer...todos vão morrer, aquelas lindas garotas vão morrer... isso é um crime contra a humanidade, sinto muito minha rainha, mas não posso concordar com isso aquelas jóias não podem ter tal destino, jóias foram feitas para brilhar.. Não posso permitir isso"

♫Já estava fundo, bem fundo no mar, estava escuro e Roque acabava viajando em seus próprios pensamentos enquanto ficava sem oxigênio, afundando na escuridão♫

Tatsuo continuava nadando, sem olhar para trás.  Acreditava que no fim todos estariam bem, mas só ficar parado esperando isso acontecer não ajudaria em nada. Teria que usar todo seu conhecimento em navios para ajudar ao máximo quem quer estivesse com ele. Ao ouvir as palavras de Ryouji ao se encontrar com o garoto, com uma expressão séria concordava fazendo um gesto de "sim" com o rosto, e então começava a subir o casco logo depois dele.

Ouvia o pedido de Ryouji, e deixava um sorriso surgir em seu rosto. Ele era ligado demais a irmã, e sempre contava bastante para Tatsuo quando os dois ficavam encima do mastro na viagem.

- Você gosta mesmo da Airi! Hahaha! Eu te ajudarei Ryouji, mas vamos ter que ir com cautela, deve ter soldados da Rainha do Gelo por todo esse navio, e temos que encontrar binóculos. Mesmo com essa névoa horrível, com esse objeto em mãos podemos observar os outros navios da frota...

Depois de assistir toda a cena de Ryouji, jogando o soldado para fora do navio, uma sombra preta tapava os olhos de Tatsuo. Por que não parecia surpreso com aquilo? O garoto a sua frente com certeza faria isso, na primeira chance que tivesse. Tatsuo suspirava, e então olhava para baixo, onde estaria Saito.

- E então... acho que essa foi sua resposta Saito. Não dá pra ser furtivo com o Ryouji no time.

Ao terminar a fala, acabava rindo um pouco, mas também estava preocupado. Fazia tempo que Tatsuo não lutava, mesmo que tivesse uma certa perícia na espada que carregava consigo. Antes de ser acolhido por Heikki, ele era subordinado de um capitão de uma vila próxima a Skyhold, mas não era de batalhas e sim de transporte de suprimentos. Tatsuo não gostava nenhum pouco daquele trabalho, porque o seu capitão era chato e ficar vivendo apenas transferindo mercadorias era monótono, mesmo fazendo seu trabalho com eficiência, sendo elogiado e ganhando um bom dinheiro.

Quando Ryouji saltava no convés do navio, Tatsuo o acompanhava em seguida, ficando ao lado do garoto, já sacando sua espada para lutar ao lado de seu novo companheiro.

- Acho que... eles não vão dizer sim...

Sayuri tinha acabado de pousar, e Lin já saltava de suas costas ainda elétrica devido a sua pequena aventura sobre as costas de um dragão. E claro por quase ter perdido a vida. Saía tão naturalmente das costas de Sayuri que nem parecia que um exercito os cercava com armas e canhões.

- Ufa.. a gente precisa fazer isso de novo, Já sei a gente pode...

E agora sim ela percebia, estavam cercados e aquilo era uma batalha.

- Droga! Quando foi que...

Surpresa com a situação, ou surpresa com a própria idiotice Lin ficava em posição de combate e corria pra cima dos soldados ainda com a mochila nas costas, ignorando todo e qualquer plano possível.

- Eu já falei! A gente não vai se render! PEGA ELES GENTE! Hahahaha!

Lin era rápida, bem mais rápida e forte do que a dois anos atrás, mas seus golpes estavam precisos, acertava seus inimigos e os imobilizava sem machuca-los seriamente, desarmava alguns e parecia estar se divertindo naquela luta.
Provavelmente os soldados já estariam atirando, mas as balas deixavam apenas aranhões e pequenos hematomas na pele de Lin, ainda assim ela conseguia se desvencilhar da maioria com sua agilidade e reflexos.

Takafumi observava Lin sair de cima de Sayuri, que ainda era um Dragão, observava o quão idiota ela poderia ser. Era óbvio que deveriam se render, pelo menos por enquanto, estavam cercados. O homem não tinha saído de cima ainda, e quando percebia que Lin iria mesmo atacar, ele ficava desesperado. Lhe restava apenas recorrer a Sayuri enquanto sacava seu sabre.

- Sayuri-chan! Me protege! Se essas balas pegarem em mim, eu tô frito! Hahahaha!

Ele ria desesperado para não chorar, com medo. Takafumi era covarde, porém um dos melhores quando se tratava de ser furtivo. Foi um azar ter encontrado logo Lin no mar, sua companheira pensava apenas em lutar, e pelo menos pensava que Sayuri não fosse louca como sua amiga. Se escondia como podia usando o corpo de Sayuri, parecia uma minhoca se movendo pelo corpo do dragão.

A luta continuava , e Lin ainda ignorava aquela mochila em suas costas. Atingindo os soldados que impossibilitavam seus movimentos, utilizando as pontas dos dedos, cotovelos e joelhos para atingir pontos de pressão, fazendo assim que seus inimigos perdessem a consciência ou tivessem alguma parte do corpo imobilizada. Tais técnicas ela aprendeu durante os dois anos que treinou com seu pai, como parte do seu "verdadeiro treinamento", Lin deixou claro que queria ser forte sem precisar matar, por isso acabou dominando estas habilidades razoavelmente rápido, isso é, para seus próprios padrões.

Lin já havia derrubado ou imobilizado cerca de 23 guardas, percebia que Sayuri havia se livrado de muitos também em sua forma de dragão, mas ainda assim os inimigos não pareciam ter diminuído em números.

- Droga! Isso não vai ter fim!

Olhando seus arredores, mas ainda atenta aos movimentos inimigos, Lin percebia que haviam canhões naquele navio, alguns com cano longo, outros mais curtos.

- Há! Eu tenho um plano!

Saltando sobre seus inimigos Lin conseguia pular sobre um dos canhões do destróier. Com socos poderosos ela destruía o canhão e se agarrava no cano por onde saíam os tiros. Possuía cerca de 1,70m de comprimento e 100mm de diâmetro, ela o agarrava e puxava com força, apoiando seus pés nas laterais de onde o cano estava. Não demorava muito e o cano se soltava e Lin caía pra trás com aquele grande pedaço de metal em mãos. Os inimigos a cercavam agora que estava no chão, mas Lin se levantava chutando-os com as duas pernas num movimento circular, e logo em seguida fazia um movimento com o "bastão" (cano do canhão) também circular jogando longe todos os inimigos a sua volta.

- Hahaha! Não subestimem a poderosa Lin!

Ela sabia sim utilizar aquele tipo de arma, mas não era tão experiente com essa técnica, apenas pensou no quão maneiro seria lutar usando aquilo como arma. Com seus inimigos no chão , Lin tinha um pequeno tempo para retomar o folego, mas empolgada com sua maravilhosa ideia decidia se exibir um pouco mais. Começava a girar e balançar o "bastão" ao redor do corpo como se quisesse demostrar sua habilidade, mas em meio a tais movimentos era atingida em cheio na testa pela própria arma.

- ÁI! Droga...

Enquanto a garota passava a mão sobre o galo que surgiu em sua testa seus inimigos voltavam a ataca-la pensando que estava agora distraída. E não estavam errados Lin estava totalmente distraída, mas seus reflexos acabavam por fazer todo o trabalho, e ela conseguia se desvencilhar dos ataques inimigos e voltar a golpeá-los bom o "bastão", moderando sua força e buscando sempre pontos não letais, assim como havia se esforçado tanto para aprender a fazer.

Os movimentos que Sayuri fazia eram brutos, e Takafumi se sentia como um domador de dragões nas costas dela, mas também se segurava como podia para não cair. Estava difícil, então ele gritava para sua amiga.

- OOOOOOO! CALMA AÍ! TÔ CAINDO AQUI!

Takafumi estava desesperado, gritando sem parar nas costas de Sayuri. Enquanto percebia o número de inimigos aumentando sem parar e em Lin usando um dos canos de um dos canhões para lutar como se fosse um bastão. Aquilo o fazia pensar: "Isso... não está certo não é? Ela é humana?".

A força da garota não parava de surpreendê-lo, e sua burrice também, uma vez que o cano a acertava na testa enquanto ela mostrava suas "habilidades" com aquela arma. E vê-la lutar tanto, acabava dando coragem para Takafumi, que pela primeira vez se levantava nas costas de Sayuri e corria até o topo da cabeça do dragão, saltando em direção do meio dos soldados inimigos, com seu sabre em mãos.

- AI RUIVA! VOU ME JUNTAR A VOCÊ! HAHAHA!

Com chutes e golpes com o cabo de seu sabre Takafumi lutava, usava sua lâmina apenas para se defender contra as espadas inimigas. O rapaz era rápido, e seus golpes eram quase sempre baixos. E por Lin já estar nocauteando tantos soldados que estariam atrás dele, ele focava apenas nos que estavam a sua frente, confiando em Lin e Sayuri para cuidar de sua retaguarda.

Yasuhiko via Ren pegando em seu capitão pela gola, o dando uma boa lição de moral. Se assustava com a brutalidade da garota, mas de alguma forma aquilo acordava Heikki. E o guerreiro suspirava, ficando feliz por ter seu bom e velho capitão de volta. Assim como Ren, começava a olhar em volta. Ignorava a alavanca por simplesmente não saber o que ela fazia, e ao ouvir seu capitão falar daquela maneira, estendia a mão para ele.

- Capitão! Nã--

Não dava tempo, ele já acionava a alavanca, e todos eles já se encontravam na superfície do navio. Yasuhiko ficava sem expressão, estava impressionado por seu capitão ter feito aquilo. Heikki não podia ser tão inteligente, mas sua curiosidade era imensa.

- Senhor... as vezes não devemos testar as coisas assim. Viu? Estamos cercados agora.

Yasuhiko sacava sua espada, e se defendia dos golpes dos soldados, dando chutes naqueles que mantinham suas lâminas pareadas na dele, e quando percebia estar cercado demais, fazia um movimento circular com sua arma, para afastá-los. Se mantinha seguro e nocauteando alguns soldados quando os mesmos golpeavam com bastante balanço. Yasuhiko já defendeu uma vila que era alvo por ter riquezas minerais nas proximidades por vários anos seguidos, era o guardião da mesma, e por isso tinha bastante experiencia em combater muitos inimigos de uma vez só.